Falar a um médico é como cantar a um surdo

Dois anos passaram desde a minha queda e há dois dias ouvi pela primeira vez o diagnóstico (que eu já tinha feito dentro de dois segundos depois da queda: alguma coisa tem sido rasgado).

O cirurgião, que me deu uma prótese de joelho, contou me há dois dias que tinha reparado durante a operação há três meses que ´já não existia tendão rotuliano´ – tendão que liga o músculo coxal com a perna baixo.

Pude lhe fazer recriminações? Ele podia-me ter contado isso logo depois a cirurgia, é verdade, mas afinal tem feito apenas o que um dos seus colegas tinha diagnosticado nove meses antes: joelho está cheio de artrose – é preciso joelho artificial.

Posso culpar o médico que fez esse diagnóstico? Naquela altura o tendão provavelmente também já não existia. Tinha que ter sido operado logo depois a queda. E isso tinha acontecido se os médicos da Urgência há quase dois anos tivessem feito o seu trabalho: escutar à queixa e olhar aos raios-X feitos. Em lugar disso disseram: ´Descanso, gelo e canadianas.’

Durante dois anos não me fartei de insistir que nem consigo esticar a perna para a frente – pelo menos, não sem a ajuda de uma grua. Ninguém escutou – falar a um médico é como cantar a um surdo.

Agora tenho que aprender viver com o risco de poder cair para trás com cada passo que faço – que não possa usar o músculo quadriceps da perna esquerda para corrigir qualquer desequilíbrio. Pela primeira vez tenho que ficar sempre com um pé atrás – e isso pelo resto da minha vida…

Desculpe?

Sim, tem razão – há coisas bem piores.

Descanse em paz, pequeno Julen.

Dit vind je misschien ook leuk...