Edmar é humano
Se não me engano, ouvi a psicóloga no BB Extra dizer há uns dias, que não entende porque o pai não aceita a sexualidade do seu filho. Então, vou explicar …
O pai do Edmar culpa-se a si próprio pela ‘escolha’ do seu filho. E porque muitas pessoas por falta de caráter não tomam responsabilidade pelos seus erros, o pai do Edmar culpa a sua esposa pela ‘escolha’ do seu filho. Este mecanismo chama-se projeção na psicologia.
Não é preciso pensar muito, pois não?
A mãe do Edmar — consciente ou inconscientemente — na sua vez anda a culpar o seu filho pelo sofrimento dela, causado pela projeção do seu marido. E o Edmar culpa-se a si próprio, em parte pela sua própria ‘escolha’ e em parte pelo sofrimento da mãe. E em segredo o Edmar culpa o seu pai e está furioso com ele — tudo em segredo, porque está escrito no quinto mandamento “honrar o teu pai e a tua mãe”.
Como?
Não, eu também não sei porque os pais não parecem ser obrigados a conceder a mesma cortesia aos seus filhos 🙂
Resultado final: uma família inteira infeliz. Pois é 🙂
Vou explicar porque aqui em cima coloquei aspas na palavra ‘escolha’. Porque não é uma escolha — pelo menos, não para pessoas como o Edmar.
A sexualidade duma pessoa nem sempre é uma questão de preto ou branco. Na maioria dos casos há tons de cinza. Naqueles que se aproximam de cinquenta-cinquenta — o que foi provavelmente o caso na vida do pai do Edmar — há uma escolha. E as pessoas quase sempre escolham o lado da heterosexualidade. Não me perguntem porquê! 😉
Mas, nos casos que se aproximam de cem por cento — como no caso do Edmar — não há escolha nenhuma.
Também não é preciso de pensar muito, acho eu, para perceber que na primeira casa (aquela perto de cinquenta-cinquenta) se encontra a maioria das pessoas homofóbicas e na segunda (aquela perto de cem percento) a maioria das pessoas bem-resolvidas.
Quem conseguiu ler até aqui também deve perceber que nesta história não há culpados. Porque estou a falar da tragédia da condição humana — a incapacidade de imaginar que o outro é diferente de nós.
Como? As pessoas não são tão diferentes?
Sim senhora, é verdade!
Mas, mesmo assim, são … diferentes.
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