Democracia ou cleptocracia
– Este ano é só possível fazer a entrega do IRS via internet, disse-me a Maria José (84).
– Dá-ma cá, respondi. Eu faço.
Olha lá, todas as despesas na farmácia já foram registadas automaticamente – que maravilha! Só as outras despesas médicas feitas nos hospitais e centros de saúde (ULSBA) não apareceram.
– Não há problema, Maria José, vou entrá-las manualmente.
Depois de ter feito tudo isso recebi a mensagem: ‘Só era possível entrar manualmente até 15 de fevereiro, ahahahah!’
Não, ‘ahahahah’ não estava lá, admito, mas poderia ter estado, porque o prazo da entrega do IRS era entre 1 de abril e 31 de maio.
Espera lá! E todos os off-line idosos que foram pessoalmente às Finanças dentro do prazo indicado? O funcionário assistente lhes foi dizer o quê exatamente?
Foi cada vez aceitar o punhado de comprovantes de pagamento que o idoso lhe trouxe? Ou foi explicar em detalhes que algumas despesas já foram registadas e outras não – que pena, não é! Ou foi simplesmente dizer, para evitar discussões: ‘Não vale a pena, ó vítima número X, já está tudo registado automaticamente, percebe!’
Concordo, por pessoa não deve tratar-se de um balúrdio. Mas, julgo que num país cada vez mais idoso todas as verbas juntas dão para qualquer coisa.
Não sou Ana Leal, mas me parece que há aí qualquer coisa legal… muito ilegal.
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