Bruno de Carvalho, cara…
Enquanto o resto do mundo estava preocupado com coisinhas como a ameaça duma guerra mundial e cheias sem precedente, os portugueses estiveram a maior parte desta semana à procura da resposta na pergunta se as interferências do Bruno para com a Lili constituem um crime, ou não. Eu não sei — não sou especialista. Mas consigo imaginar que algumas mulheres pensaram com os seus botões: Ah, sim… assim começou, mas na altura pensava que não era nada.
Leões seguem o seu instinto e não se preocupam com os sentimentos dos outros em geral, em particular das suas vítimas. Não é verdade? Leões têm uma graça felina, mas também um lado escuro. Não por crueldade — isso é um defeito humano — mas por mero egocentrismo. Essa é a lei da natureza. E o Bruno não parece fugir à regra.
‘Não te vou dar canal,’ acho uma expressão portuguesa fantástica. Também saiu do programa BB? Da Barbosa? Qualquer modo é pre-ci-o-so. Questionado o José me explicou que muitas pessoas estão cheias de raiva para com a vida e precisam dum escape para se livrar deste ódio. Será que o José tem razão? Será que o Bruno sempre escolhe uma pessoa (ou um grupo) qualquer para descarregar o seu lado escuro nela? E será que a Lili (e também o realizador do programa, claro) lhe deu canal? E que qualquer resistência da parte da Lili vai colocá-la no caminho do perigo … torná-la dum canal numa vítima potencial? Não sei – não sou especialista. O José é.
‘Tenho a certeza,’ disse ele, ‘que conheces algumas pessoas na tua aldeia que são assim — aparentemente cheias de raiva e de ódio para com a vida — e que precisam dum bode expiatório.’
‘Chega!’ gritei.
O José olhou para mim, visivelmente chocado.
‘Vou tentar explicar,’ disse eu. ‘Para essas pessoas não é muito oportuno escolher um bode expiatório na sua proximidade imediata, pois não — entre familiares e amigos que são supostas amarem… protegerem. Então, escolhem pessoas fora do grupo privado, como ciganos, pretos ou estrangeiros. E desde que as pessoas no próprio grupo lhes deem canal, não correm risco de vida. Neste sentido, o André Ventura está a combater a violência doméstica, oferecendo os portugueses que estão cheios de raiva e ódio, uma vasta gama de bodes expiatórios.’
O José desatou a rir. ‘Tenho que pensar nessa teoria tua,’ disse ele. ‘Às vezes a tua mente parece funcionar como uma montanha-russa.’
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