A verdade da mentira

Exmos. Senhores Membros da JF da Santana de Cambas,

Conhecem essa lenga-lenga das autoridades nacionais sobre como o êxodo rural para as cidades deve ser invertido? As medidas mais ouvidas são:

  1. Promoção do turismo rural
  2. Acesso à internet

Não é verdade?

É mentira!
Quando ouvi alguém dizer que Santana de Cambas já tem fibra ótica desde há dois anos, fiquei muito interessado e perguntei logo quando essa rede ia chegar ao Pomarão.
Resposta: Ah, não, Pomarão não – a empresa que constrói essa rede, foi diretamente dos Salgueiros para os Picoitos. O Pomarão, que se lixe!
Mas, qual a ideia? Quantos turistas, que chegam de barco ou de autocaravana, não voltam logo para trás por que o Pomarão… nem tem acesso à internet?
Resposta: Sei lá! Circulam rumores que tudo isso aconteceu com o conhecimento e a autorização da Câmara.

Isso faz-me lembrar uma interessante história que o galês, que vive agora na Formoa, me contou uma vez há sensivelmente quinze anos…

O galês, que tem um profundo conhecimento sobre soldagem, propôs construir uma instalação – na rampa, ao pé dos cais do Pomarão –  para puxar iates da água para manutenção. Isso também ia trazer trabalho para a juventude do Pomarão, disse ele, ajudar os donos dos barcos – a lixar e pintar.
Ele apresentou os seus planos pessoalmente ao então presidente da Câmara e… nunca mais ouviu nada. O Pomarão, que se lixe!
E a juventude? Os jovens, que não lixem! Não ia ficar tempo para eles para fumar um cigarro, pois não, ou tomar uma cervejinha, coitadinhos.

Faz-me lembrar também os trabalhadores do Pomarão que costumavam tomar uma cervejinha ou um cafezinho na Sociedade após uma jornada de trabalho…
O antigo prédio foi vendido por La Sabina e desde então ficou vazio. O meu vizinho é presidente duma Sociedade… sem sede. E os sócios ficam… com sede.
A Câmara (ou uma associação ligada a ela) tem um prédio que está a ser utilizado um ou dois dias por ano, mas recusa colocá-lo à disposição da Sociedade pomerense – o Pomarão, que se lixe!

Faz-me lembrar a própria casa dele, do presidente da Sociedade-sem-sede…
Essa casa é localmente ainda conhecida como “a casa do André”, o irmão falecido dele. A casa está cheia de fissuras. As camiões pesadas costumam aumentar velocidade na descida ao lado espanhol e depois provocam um terramoto permanente ao lado português. As casas pomerenses, que são de taipa, obviamente não resistem a essa violência recorrente – neste caso se pode falar de verdadeiro violência doméstica.

Mas, não só as casas não resistem. Há dois ou três anos, cairam centenas de toneladas da rocha na autoestrada ao lado espanhol. Há pouco tempo algumas toneladas de rocha cairam no caminho da casa da dona Teresa. Felizmente, naquele momento dona Teresa não passava por lá,  nem um outro vizinho no caminho da fonte.
Os funcionários da freguesia vinham arrumar o entulho e já está – medidas curativas.

Agora estamos todos à espera do relatório – o relatório que vai ser encomendado depois um acidente mortal. E depois de pelo menos dez anos (e muitos mais almoços) a conclusão dos peritos vai ser, sem qualquer dúvida: Foi acidente – ninguém das autoridades podia ter a mínima ideia que isso ia acontecer.
As autoridades não – os moradores sim. Mas, o Pomarão que se lixe!

Aliás, a autoestrada foi construida por uma empresa espanhola. Pode-se muito bem ver, a qual lado da fronteira a margem do lucro era maior – a estrada no lado português da fronteira foi construida… para inglês ver. Neste caso, para lixar os portugueses.
Fosse como fosse, a estrada com certeza não foi construida para o bem do Pomarão. O Pomarão, que se lixe!

Para a semana o Pomarão vai receber o Festival do Peixe do Rio…
Então, nos próximos dias os funcionários da Câmara vão fazer obras cosméticas ao pé da estrada principal… para inglês ver!
Nada de obras substanciais, claro! Nada que podia aumentar o valor dos terrenos de… La Sabina!
Por que, caros Senhores Membros da JF, isso provavelmente é o verdadeiro motivo atrás tudo isso – uma vendeta entre a Câmara e La Sabina. Uma vendeta entre a Câmara e La Sabina ao custo dos pomerenses. Por que os moradores sempre parecem dever sofrer as consequências.
O Pomarão, que se lixe?

As minhas perguntas, caros Senhores Membros da JF são as seguintes…


É verdade que a decisão de excluir o Pomarão da rede de fibra ótica foi tomada pela Câmara?
E é verdade que o motivo por essa decisão foi mais uma vez… o medo – o medo que o acesso ao internet ia aumentar o valor dos bens de La Sabina?
Até quando o povo do Pomarão deve sofrer sob esses jogos infantis do gato e do rato?

Com certeza, como é lindo o Pomarão! Mas os moradores, que se lixem!

Se V.Exas não representem nossos interesses, ficamos entre a espada e a parede… até que as galinhas tiverem dentes.

Com os melhores cumprimentos,
Jaap Slager

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